Recentemente ensinei meu cachorro Apollo a abrir o guarda roupa. Amarrei um pano no puxador e ensinei ele a puxá-lo até que a porta se abrisse. Logo ele entendeu o que tinha que fazer. Perfeito, foi lindo.
Sem me dar por conta ensinei abrir a porta do guarda roupa onde eu guardo a petisqueira com os petiscos de treinamento.
Dias depois o vejo tentando abrir o guarda roupa. Porém em vez de puxar o pano que continuava lá amarrado, estava tentando abrir a porta do lado, com a pata. Sem ter sucesso, pois abria apenas uma frestinha. Fiquei tranquila, não ia precisar mudar os petiscos de lugar. Foi então que me dei por conta, não havia ensinado a abrir o guarda roupa, havia ensinado a puxar o pano. Ele não entendeu o propósito de puxar o pano. Só sabia que quando puxava o pano, e a porta vinha pra trás, ganhava petisco. Sem o incentivo do petisco, aquele exercício perdia completamente o objetivo para ele.
Apollo entendeu o que eu queria, mas não conseguia refletir sobre o objetivo daquele movimento, além de ganhar uma recompensa instantânea.
As vezes esperamos que nosso cão entende mais do que ele é capaz. Principalmente quando faz algo errado, como quando chegamos em casa e encontramos aquele tênis novo todo rasgado, e nosso cãozinho deitado no canto com cara de culpa. Pra nós é obvio ligar a tal “cara de culpa” como uma admissão do seu delito. Porém ele só consegue compreender aquilo que ocorre de imediato, nem sequer lembra mais do seu tênis, que foi mastigado com muita vontade a três horas atrás. Ele apenas vai saber que às vezes você chega feliz em casa, e às vezes você chega bravo, então ele vai correr pra caminha e esperar ansioso sem saber o que lhe aguarda.